Parte 2: Os Custos dos Crimes no Chão de Fábrica

No último artigo, estabelecemos a analogia entre os crimes que ocorrem na sociedade e as perdas que ocorrem na fábrica. Vimos que podemos associar sucata ao assassinato, retrabalho a lesão corporal, paradas não planejadas aos assaltos, e finalmente perdas de velocidade aos furtos. Se você ainda não leu esse artigo, vale a pena conferir antes de continuar com essa leitura. Agora vamos falar de custos, seguindo com a analogia. 

Avaliar o custo exato de um crime na sociedade é sempre uma tarefa difícil. Todo crime tem custos tangíveis e intangíveis. Os tangíveis são mais fáceis de medir ou estimar – o valor da mercadoria furtada, os custos hospitalares, esses podem ser medidos. A perda da riqueza que seria gerada por uma pessoa assassinada pode ser estimada, assim como o impacto no turismo de uma cidade em que os assaltos crescem repentinamente espantando visitantes. Mas os custos intangíveis são os que mais impactam a sociedade – o sofrimento da filha cujo pai foi assassinado, o medo constante que acompanha alguém que foi assaltado ou sofreu violência física, a depreciação moral de um país que normaliza os furtos recorrentes, a imagem negativa marcada para sempre na lembrança (Medellín é uma cidade linda, mas para quem é da minha geração e acompanhou toda a violência do tráfico na época de Pablo Escobar, tem que ser convencido que tudo mudou antes de considerar a visita).

A mesma lógica vale para os crimes na fábrica. Os custos tangíveis de retrabalhar uma peça, o custo de um lote sucateado, o valor de venda de uma produção perdida por paradas ou perdas de velocidade, todos podem ser medidos ou estimados. Mas os intangíveis podem ser os mais significativos. A perda de confiança de um cliente que teve uma entrega atrasada, a falta de atitude do time da produção que não se incomoda com perdas recorrentes visíveis, o custo de imagem para a empresa que tem um caso de produto defeituoso divulgado nas redes sociais. Todos esses custos são inicialmente intangíveis, vão prejudicar a empresa, e evoluem para perdas tangíveis como queda de vendas, e redução de preços por “comoditização” dos produtos fabricados (se não consigo me diferenciar em pontualidade de entrega, qualidade ou flexibilidade de fornecimento, preciso concorrer apenas com um preço melhor que a concorrência, entrando em guerra de preços que aniquilam as margens). 

Os custos intangíveis são difíceis de medir ou estimar, mas os tangíveis devem ser medidos e transformados em valor monetário. Quando você sabe o tamanho do buraco no bolso que as perdas causam, consegue avaliar se um investimento para reduzir essas perdas faz sentido ou não. Torna a decisão sobre esse investimento mais simples de ser tomada.

Continuando com a analogia, os crimes causam três tipos de custo na sociedade. Eles podem vir em antecipação aos crimes, em consequência direta e indireta dos crimes, e em resposta aos crimes.

Em antecipação aos crimes, o Estado e a sociedade incorrem em gastos em aparatos de prevenção ou mitigação das consequências do crime – pessoal e equipamentos para policiamento ostensivo, sistemas de alarme, segurança privada, contratação de seguros. 

Uma característica dos custos em antecipação aos crimes é que eles ocorrem mesmo que o crime não se concretize. Se eu contrato um seguro contra roubo para o meu carro, e ele não é roubado durante sua vigência, eu “joguei dinheiro fora”. Se a empresa tem medo de atrasar uma entrega a um cliente importante, e por isso produz o que foi vendido muito antes da data prevista de entrega, está incorrendo em um custo (de estoque alto) em antecipação a um crime (parada não programada de uma linha) que pode não ocorrer. Só conseguimos reduzir os custos em antecipação aos crimes se percebemos que a probabilidade de eles ocorrerem é baixa ou sua consequência é pequena. 

Os custos em consequência dos crimes são aqueles que são gerados pelo crime em si. Na fábrica, o custo das peças sucateadas são um exemplo claro do custo em consequência de um crime, ou o custo de um frete expresso para compensar o atraso na produção causada por uma parada não programada de uma máquina essencial. Esses custos só existem quando o crime realmente ocorre, e a redução dos crimes tem um impacto mais rápido nesses custos do que nos custos que ocorrem em antecipação aos crimes.

Já os custos em resposta aos crimes na sociedade são instituições como a polícia investigativa, os sistemas judiciário e prisional. São instituições que só existem porque existem crimes, e são criadas e mantidas visando reduzir a incidência dos crimes. A redução pode acontecer tirando criminosos da rua, ou desestimulando novos crimes por punir os criminosos, mostrando que “o crime não compensa”. Na fábrica, um esforço de melhoria contínua é um exemplo de ação em resposta às perdas que visa reduzir a sua incidência.

As ações em antecipação aos crimes não atacam as causas dos crimes. Um alarme antifurto em um carro dificulta que o furto daquele carro ocorra, mas não tem como objetivo impedir que qualquer carro seja furtado. Já a investigação e prisão do responsável por furtos recorrentes vai reduzir a incidência desse crime na sociedade. Analogamente, o dinheiro gasto em resposta a uma perda na fábrica é muito mais bem utilizado do que aquele gasto em antecipação à perda. Como saber onde devemos focar nossos esforços de resposta às perdas?

Para ser eficiente na redução das perdas, ou seja, ter o maior impacto com uma quantidade limitada de recursos, precisamos conhecer quais as perdas mais importantes. Quantas horas de produção foi perdida por paradas? Qual foi o valor gasto (direta e indiretamente) com as unidades sucateadas? Tudo deve começar com base em informações confiáveis. Se você tem como fazer um Pareto das perdas de maneira rápida e com base em dados autênticos é mais fácil começar a entender onde deve-se focar por SABER onde agir, e acabar de uma vez com as estimativas.  

Por exemplo, o Pareto abaixo, construído com poucos cliques no LiveMES, mostra que no período estipulado a principal perda em horas de produção se deve a Regulagens e Ajustes. Além disso, é possível obter o tempo médio para reparo (MTTR) e também o tempo médio entre falhas (MTBF) de todos os motivos específicos.  

Observe a seguir no Gráfico de Perdas, que está em função da quantidade de peças, que o cenário em análise mostra que o problema de perdas de velocidade (Performance) é muito mais relevante que os problemas de qualidade. Tivemos perda de produção de cerca de 3.090 peças por conta de perdas de velocidade; as perdas por sucata representaram apenas 70 peças. Fica fácil decidir que o primeiro ponto a atacar são as perdas de velocidade. É o furto se impondo sobre o assassinato.

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Na próxima e última publicação dessa série dos crimes do chão de fábrica, vamos falar sobre as ações de prevenção destes crimes. Até breve! 

Paulo Narciso Filho

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